Nunca é possível você saciar-me pôr inteiro...sempre desejo mais...além do corpo vem em conjunto a energia, o sangue...inebriante na taça da mortalidade e imortalidade...Me sinto como um Deus ilimitado...em um corpo mortal e limitado...mas talvez não tenha de ser assim....

________________________Um Vampiro Anônimo

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sexta-feira, 20 de junho de 2008

Matheus: No Tempo Antigo - Depois De Sua Total Transformação



"Somos Deuses, vivemos nas sombras de seus desejos, entre a lascivia e a pureza.
Somos a Salvação e a Destruição.
Não há Demônio, não há deus...há somente Nós: Vampiros!"





Abandonado, sem pátria, sem filho, sem rumo...sem vida. Na tenra jovialidade aos 24 anos, jovial porém um homem, perco a humanidade em meu ser, dando espaço para um instinto repulsivo, no ponto de vista social, porém sedutor do ponto de vista empírico.

Depois de ter sido lançado ao mar pôr Efraim fui acudido pôr um casal de pescadores, no auge da noite, em uma ilhota em volta da grande Pentecostes. Seria este o nome da cidade ou do continente inteiro em que ela era fundada?!

Estes pescadores de inicio assustados pelo fato de um homem permanecer tanto tempo afogado em alto mar e voltar a viver e também pela minhas características, que agora estavam cada vez mais evidentes, pele muito branca, olhos poucos fundos e com caninos alongados na arcada superior.

Talvez eu, naquele momento, indefeso e desacordado entre pessoas normais e assustadas, poderia perder o pouco da vida que habita em mim, Pois para eles, talvez, eu seria uma ameaça.

Mas não. Eles me acolheram e até acharam que eu era uma espécie de deus ou elemental, pois estes eram adeptos a religião politeísta da Deusa. Para eles tudo era mágico e tinha um porque.

Fui alimentado, eu ainda não sabia que não podia comer em que ao mesmo tempo sentia muita fome e sede. Logo vomitei todo o alimento. Ainda posso ouvir as palavras daquela bela e jovial moça: “Nosso alimento é pesado para um ser mágico? Qual o seu alimento? O que lhe sustenta?”

– Quanta inocência! Nem sequer tinham ouvido falar em anjos caídos? Certamente não. Pois estávamos em uma época em que os conhecimentos eram divulgados somente para os aristocratas. Mas também pensamentos religiosos e lendas de anjos caídos e vampiros não eram bem vistas e nem divulgadas, para não espalhar o fato de que o deus monoteísta tinha falhado em criar criaturas que se alimentam de sua prole!

Mas após isso deram-me algumas ervas embebidas em vinho para curar os supostos males, e me disseram para dormir um pouco. Mas eu não conseguia dormir, naquela noite, como em muitas outras, a fome e a sede assolava não só meu corpo, mas também minha alma. A casa em que estava entrou no silêncio profundo quebrado somente pelo barulho do mar. Logo julguei que meus salvadores estariam dormindo.Sai pela escuridão da praia. Era uma noite sem lua, mas com o céu límpido cheio de estrelas e o mar estava agitado. Talvez o mar estaria mostrando-me sua fúria pela desgraça que haveria de vir naquela noite limpa manchada de sangue.

Caminhei entre a areia e a maré violenta, deixando o mar abençoar meus passos incertos. Mas logo comecei a sentir uma náusea seguida de fraqueza e aquela fome e sede abominável. Lembro que neste momento fiquei como que embriagado, não há descrição melhor para o que senti, a não ser que você use a palavra possuído!Minha visão ficou turva, a minha visão que já tinha problemas, eu não enxergava ao longe mais do que meras manchas embaralhadas, ficou pior, pensei que tinha ficado cego. Mas pôr acaso eu não estava cego? De Fome e sede? Cego pela sobrevivência?

Nesta embriagues eu percebi que eu podia andar e correr, pensei que estava tendo alucinações, pois eu vi meu pés centímetros acima da areia. Corri, andei apavorado sem enxergar nada, mas logo a frente comecei a escutar barulhos, pulsos acelerados...fui chegando mais e mais perto destes pulsos e percebi que eu estava ouvindo batimentos cardíacos de duas pessoas, no lugar de suas fisionomias normais, eu via somente as veias deles pulsando em um corpo que no qual não conseguia ver na escuridão de minha alma. Sabia que aqueles humanos pulsantes estavam com o coração cada vez mais acelerado pelo ato que dominava eles: sexo.

A fome e a sede tomou conta de mim, avancei pôr cima dos dois, ouvi gritos de dor e prazer em minha embriagues...quando dei pôr mim, voltei a enxergar e estar em um estado maravilhosamente normal (supra-normal), eu estava abraçando violentamente um corpo feminino nu, tenro, macio e muito belo, e sugando seu sangue através de uma mordida profunda em seus seios. Eu igualmente nu, estava investindo estocadas em seu ventre como um animal.

Levando um susto, joguei o corpo ao chão, onde havia um corpo masculino de pescoço quebrado empapado de seu próprio sangue.Raiva, medo confusão tomou conta de meu corpo e de minha alma...eles eram meus salvadores!!!

Corri para o interior daquela ilhota em desespero, uivando e chorando de raiva, entre a vegetação daquele lugar acompanhado de minha consciência que me mostrava o olhar daquela jovem e de seu parceiro, ambos calmos e entregues na morte ...

Ainda quando recolho-me no sono eterno esperando a mudança de tempo, vejo o rosto daquela bela jovem, vejo o brilho do olhos dela antes de perde-los em minha loucura. Eu os levei para a salvação? Eles tinham de morrer? Certezas e incertezas acerca disto assombraram pôr um período de tempo na minha infinita vida...mas hoje há outros valores em questão. O velho dá lugar ao novo e forte...é o que sempre digo...

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Não sei por quanto tempo corri. Lembro-me somente de estar perdido em meio de uma mata espessa, muitas arvores altas com suas copas cheias não deixando que o céu mostrasse sua face e o brilho das estrelas. Um vento gélido corria entre elas atingindo-me. Mas em minha fúria e confusão eu não sentia frio.Sentei em uma arvore grandiosa e fiquei lá acordado, chorando e pensando sobre o que eu tinha feito...talvez eu estaria ficando louco...ou tudo isto era um grande pesadelo. Perdido no tempo e em meus pensamentos confusos, não percebi que havia amanhecido. A luz da manhã começava a entrar pelas escassas frestas que escapavam das copas das arvores. Um rio logo atras de onde eu estava fazia-se ouvir sua correnteza, que só agora foi percebida pôr mim. Percebi que havia algumas gotas de sangue nas folhas secas que haviam no local aonde antes estava em prantos.

Comecei a andar em direção ao rio para beber um pouco de água. Quase chegando em suas margens o sol fortemente machucou minha visão e minha pele, deixando uma vermelhidão seguida de uma coceira lascinante. Meus olhos lacrimejavam muito, e minha visão escurecia com a intensidade da luz. Os sons em minha volta estavam ficando cada vez mais altos, quase insuportáveis. Ouvia vozes de alguma cidade ou aldeia ao longe, ouvia, os sons dos animais, do vento, das folhas dos passos dos insetos na terra.

Na beira do rio meu corpo oscilou. Então cai em suas águas...mais uma vez o elemento água salva minha vida levando-me ao caminho incerto. Antes de perder os sentidos naquela água gelada pensei que finalmente meu corpo não ia agüentar a imortalidade e ia ceder aos braços da Morte.

Eu ainda tinha esperanças de não ter a imortalidade em meu corpo, pôr mais sedutor que seja...restava algo em mim que não queria aceitar aquilo, julgando que todos os sintomas que tive até agora fossem decorrentes de uma doença no sangue e na mente levando-me ao delírio e à loucura plena.

Acordei em um lugar escuro que parecia uma gruta, uma caverna onde a corrente do rio entrava escuridão á dentro. Via uma luz ao longe em minha frente, julguei que seria a entrada daquela caverna. Levantei-me, ainda meio fraco e cambaleando, ficando contente em estar longe da luz que tanto me causou mal e ao mesmo tempo decepcionado pela morte não Ter levado-me em seus braços.

Ouvi um movimento atras de mim, algo que estava no teto da caverna. Quando olhei avistei um vulto, que voou até o fundo da caverna, nas entranhas da escuridão. Eu não estava assustado, mas também não estava com vontade de investigar o que era ou quem era o vulto. Sentei um pouco para pensar o eu iria fazer daqui para frente, refletir para onde eu iria.

“Matheus...venha até a mim...”

Uma voz, quebrou meus pensamentos. Delicada e feminina, porém autoritária, vinha do fundo da caverna aonde estava o vulto.

“Lá fora não há vida para você, sem antes haver compreensão de seu destino, venha até a mim, e mergulhe na escuridão de seu caminho.”

Hesitei um pouco de seguir a voz ao fundo. Mas aquela voz delicada, sedutora soava em minha
alma como música. Chegando ao ponto de ouvir várias vezes a voz sem prestar atenção ao que dizia, mas somente na suavidade de seu som. Fui andando até a voz, ainda receoso e em silêncio, pois não queria dar asas para minhas alucinações.

A face dela agora aparecia entre a pouca claridade...face lasciva e pura ao mesmo tempo...

- Venha Matheus... - dizia ela suavemente...

terça-feira, 17 de junho de 2008

Lázaro: Em nosso tempo


“O efeito borboleta realmente existe. O caos esta dentro de cada um. Tão frágil quanto uma fileira de dominós, que vão caindo, derrubando , destruindo...Mas no final dão uma nova ordem para as coisas, uma nova visão...”

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Apesar de pensar diferente sua família o aceitou. Suas irmãs mais unidas, seu contato com seu pai havia melhorado muito. Havia casado com a mulher mais bela da região, teve os melhores filhos...

Agora um grito...batidas fortes acima de si....”aquele paraíso familiar era um sonho, nada mais...”- pensou ele.


Outro grito de mulher que o levava para longe de seu sono eterno. Só que desta vez o grito veio acompanhado de uma batida acima dele junto com um cheiro de sangue.

Outra batida na tampa de mármore, onde abaixo descansava Lázaro pôr muito tempo. O sangue


Agora escorria entre as rachaduras da tampa de mármore, penetrando em seu interior fazendo gotejar na boca dele.

“Hora de acordar novamente.” – sussurrou com um sorriso no rosto.

A tampa foi movida, suas mãos brancas como o mármore da lápide empurrou completamente a tampa, fazendo-a quebrar ao chão. O barulho da tampa sendo aberta e quebrada interrompeu o choro de uma mulher...Ela pasma com que via ficou paralisada: um ser parecido com um homem pálido como a lua, rosto cheio de sulcos como se fosse uma terra seca, porem branca. Uma vela fazia ela ver todo seu corpo Agora completamente fora da lápide. Pele junto aos ossos lábios finos acompanhado de um sorriso ameaçador que mostrava uns caninos longos e brancos.

Ele foi em direção a ela, mas agora ela caiu em si e gritou....pegou uma pedra que estava no chão e jogou contra Lázaro em vão....ela tenta fugir, mas tropeça e cai, batendo a cabeça na parede e desmaiou.

Agora Lázaro olhava em volta para o cenário em que estava: havia ela desmaiada em um canto e próximo a lápide havia um corpo de um homem com a cabeça toda ensangüentada.

O homem teve ainda tempo de levantar os olhos para avistar Lázaro o agarrando com furor e rasgando seu pescoço com suas presas...tal foi a rapidez e a violência de sua alimentação que ele nem vislumbrou a história daquele humano...apenas percebeu que era jovem e que era ex-namorado da moça. Ia se vingar dela naquele cemitério, ia estrupa-la e mata-la.

O seu primeiro alimento fez com que sua pele cheia de sulcos ficasse lisa e jovem dando maior volume acima de seus ossos.
Agora foi até a moça ...ela já estava acordando quando ele a abraçou...ele contemplou-a pôr um tempo. Sugou o sangue dela com mais calma, saboreou aquela sensação que nenhum mortal podia experimentar...viu a vida dela em segundos...a vida curta e jovem dela...seus desejos seus devaneios...viu ela batendo a cabeça daquele homem na lápide dele...viu o extinto de sobrevivência que ela tinha...e agora era entregue para Lázaro em seu sangue. Junto com a vida dela em sua mente vinha agora o entendimento daquela época em que acordou...um entendimento breve, mas saboroso...a mais doce energia sorvida em sua vida...

Terminando colocou o corpo dela ao chão cuidadosamente, observando, se arrependendo de não ter aproveitado melhor daquele corpo jovem e belo. Mas uma sensação de urgência invadia sua mente. Lázaro queria ir embora rápido.
Agora totalmente restabelecido olhou para suas vestes, uma batina carcomida pelo tempo. Ele rasgou a roupa dizendo: “Roupa de hipócrita!”

Foi até o homem morto e pegou suas roupas, roupas pretas e um sobretudo...vestiu elas, caiu perfeitamente em seu corpo.

Seus pensamentos foram interrompidos pelo o que sua intuição lhe alarmava com urgência. Havia chego vários policiais dentro do cemitério e estavam agora entrando na capela em que ele estava.

- Mãos para cima!!!!- dizia um.


- Parado!!! – dizia outro.

Havia cinco policiais no total, eles vieram através de chamadas de pessoas próximas que ouviram os gritos.

Os policiais olharam para os corpos e apontavam suas armas para o suspeito.
Lázaro passou entre eles com uma velocidade incrível, parecendo um espectro, uma sombra ...e ao mesmo tempo uma risada de escárnio saia da boca de Lázaro que ecoava em todo o cemitério.

Lázaro voou até o topo de uns dos prédios que havia em volta. Conseguia sentir a euforia da caça.


Conseguia sentir a decepção e confusão dos policiais que estavam agora em sua procura em vão.

Pensava no efeito borboleta...o sangue daqueles humanos serviu para acorda-lo e trazer a morte para eles. Agora sua ressurreição irá acordar outros. Os dominós da existência estão caindo para mais uma vez fazer um sentido para sua imortalidade injusta.Quem sabe os que despertem agora o compreendam?!

Lázaro foi condenado em sua época a ser um herege, que ninguém ouvia, nem mesmo sua família, pois haviam testemunhado um milagre, quem era ele para dizer não diante de seu povo alucinado?!

Mas agora quem sabe agora...talvez alguém de ouvidos à ele...